Embora com o PIB e a população significativamente inferiores aos do Brasil, o Chile apresenta grande potencial para a expansão de negócios bilaterais. Estes são particularmente promissores com a racionalização de operações logísticas, tanto nas vendas do Brasil ao Chile quanto nas chilenas aos brasileiros, explorando e ampliando-se as Exportações Delivered, na perspectiva porta a porta.
É importante registrar que o PIB/capita chileno, em 2019, atingiu valor maior do que o dobro do equivalente indicador brasileiro. Por outro lado, com a pandemia, o Produto Interno Bruto do Chile, em 2020, recuou mais do que o do Brasil, cabendo destacar que o Fundo Monetário Internacional – FMI projeta uma recuperação, em 2021 e 2022, mais forte da economia chilena do que a brasileira, com reflexos nas importações totais de ambos os países.
O grau de abertura do Chile, medido pela soma das exportações e importações em relação ao seu PIB, em 2020, foi 83% maior do que o verificado no Brasil, conforme mostra o quadro a seguir.
Indicador | Brasil | Chile |
---|---|---|
PIB (US$ bilhões- 2019) | 1.506,8 | 279,3 |
Variação PIB -2020 (%) | -4,1 | -5,8 |
Projeção PIB – 2021 (%) (*) | 5,3 | 6,5 |
Projeção PIB – 2022 (%)(*) | 1,9 | 3,7 |
População (milhões) | 210,1 | 19,1 |
PIB per capita 2019 – US$ | 7.171,8 | 14.623,0 |
Exportações US$ bilhões** | 209,2 | 67,6 |
Importações US$ bilhões** | 158,8 | 55,3 |
Grau de abertura (%) (***) | 25,5 | 46,7 |
(*) Estimativa do Fundo Monetário Internacional – FMI
(**) Valores de 2020
(***) Valores de 2020 (Exportações + Importações)/PIB
O saldo comercial tem registrado superávits para o Brasil, valendo ressaltar que, de janeiro a outubro de 2020, comparativamente a igual período de 2021, cresceu 96,7%, conforme se observa na tabela abaixo.
ANO | Exportações Brasileiras – US$ bilhões (E) | Importações Brasileiras – US$ bilhões (I) | Balança (E) – (I) US$ bilhões |
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2019 | 5,163 | 3,177 | 1,986 |
2020 | 3,850 | 2,896 | 0,954 |
2020 – até outubro | 3,087 | 2,216 | 0,871 |
2021 – até outubro | 5,439 | 3,726 | 1,713 |
Em 2019, do total de US$ 64,1 bilhões das importações chilenas, as exportações brasileiras participaram com, apenas, 8,1%. Em 2020, a participação brasileira foi ainda menor, de 7,6%. Já no contexto das importações totais brasileiras, as provenientes do Chile, representaram 1,8%, tanto em 2019 quanto em 2020.
As oportunidades para as exportações brasileiras ao Chile podem ser avaliadas pelo mapa elaborado pela Apex Brasil ( “por país”), acessível pelo link a seguir. paineisdeinteligencia.apexbrasil.com.br/mapa-de-oportunidades.html
Para os exportadores brasileiros, há, ainda, a possibilidade de deslocarem concorrentes chineses e norte-americanos cuja logística marítima de acesso a portos chilenos está fortemente prejudicada pela crise associada à pandemia do Covid-19, que levou, também, à paralisação e quebra de cadeias globais. Em 2020, a China e os EUA responderam, respectivamente, por 27,3% e 17,9% das importações totais do Chile, de US$ 55,3 bilhões. O Brasil, em terceira posição entre os países fornecedores, participou com apenas 7,6%, conforme já mencionado.
O Acordo de Livre Comércio entre o Brasil e Chile foi aprovado pelo Senado brasileiro em 28 de setembro de 2021. Trata-se de protocolo adicional ao Acordo de Complementação Econômica – ACE 35, firmado entre o Mercosul e Chile, em 25 de junho de 1996, cujo conteúdo está acessível pelo link http://siscomex.gov.br/acordos-comerciais/mercosul-chile-ace-35/
As preferências tarifárias, indicadas no texto, envolvem tanto as recebidas quanto as outorgadas pelo Brasil, cobrindo 100% do universo tarifário. Entre outras consequências positivas do Acordo para o Brasil, espera-se a agilização das exportações brasileiras de origem animal e vegetal. Possivelmente, o ALC deverá fortalecer os laços entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, bloco do qual o Chile faz parte, juntamente com a Colômbia, o México e Peru.
As estratégias de exportação ao Chile formuladas no pós Covid-19 priorizam as vendas Delivered, em esquema gradual de substituição das tradicionais EXW e FCA. Nesse contexto, as exportações na modalidade DPU - Delivered at Place Unloaded, são opção de particular importância. Nessa situação, o exportador assume a responsabilidade pelo posicionamento do produto no território chileno, cabendo ao comprador o pagamento de impostos para a nacionalização do item importado e a last mile até as suas instalações.
Esse foco está alinhado com o entendimento de que o posicionamento de estoques de produtos próximo a compradores torna-se poderoso diferencial competitivo junto a fabricantes, atacadistas, varejistas e compradores finais, que vivem o trauma de já terem sentido a falta de produtos para os seus negócios empresariais e necessidades de consumo. Garantem-se, assim, a “segurança de suprimentos” e menores tempos de atendimento a pedidos (lead times), em operações B2B e B2C.
Os negócios Brasil/Chile serão estimulados e apoiados por meio de eventos e outras ações. Acompanhe a programação por aqui.